Siderúrgicas disparam com tarifa de importação

08/09/2012 20:37

 

 

Felipe Peroni   (fperoni@brasileconomico.com.br) | Atualizada às 18h12 
05/09/12 14:51

A alta mais expressiva ocorreu nas ações da Usiminas (USIM5), com ganhos de 17,72%, a R$ 9,50.

O setor de aço lidera os ganhos no pregão desta quarta-feira (5/9), após a decisão do governo federal de aumentar o imposto de importação de 100 produtos, incluindo o segmento.

A tarifa subiu para até 25%, válida por um ano, renovável por mais um, e inclui diversos produtos de aços longos e planos, mas também se aplica a produtos petroquímicos, borracha, pneus e medicamentos.

A nova alíquota vale para as importações de países de fora do Mercosul, e deve entrar em vigor na última semana de setembro.

De acordo com Marcos Assumpção e André Pinheiro, do Itaú BBA, a medida proporcionará "maior diluição de custos fixos, seguindo volumes maiores de produção", e "mix de vendas melhor, com volumes maiores no mercado doméstico", afirmam em relatório enviado aos clientes do banco.

A alta mais expressiva ocorreu nas ações da Usiminas (USIM5), com ganhos de 17,72%, a R$ 9,50. As ações ordinárias (USIM3) avançaram 9,43%, a R$ 10,67.

Na avaliação dos analistas do Itaú BBA, a medida deve levar investidores a reverterem suas posições vendidas na ação da Usiminas. Como havia grande volume de apostas na queda dos papéis, a alta é mais pronunciada.

O banco elevou para "marketperform" (em linha com a média do mercado) sua recomendação de Usiminas, com preço alvo de R$ 10 para o final de 2013.

Além disso, a empresa tem maior exposição ao mercado doméstico de produtos siderúrgicos. O banco calcula que 60% das receitas da Usiminas estão expostas à medida, enquanto na CSN essa exposição é de 30%, e na Gerdau, de 5%.

Os analistas avaliam que a CSN tem alta exposição a minério de ferro, enquanto a Gerdau tem forte presença na América Latina e Estados Unidos.

As ações das duas empresas também se beneficiaram do estímulo: a CSN (CSNA3) avançou 7,74%, a R$ 10,30, e a Gerdau (GGBR4) subiu 2,81%, a R$ 18,32. No setor petroquímico, a Braskem (BRKM5) apreciou 5,01%, a R$ 13,62.

Para a Usiminas, os analistas elevaram em 28% sua previsão para o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que deve somar R$ 1,77 bilhão em 2013.

A medida está condicionada à manutenção dos preços, para evitar o impacto na inflação. Mas a redução nos descontos concedidos aos distribuidores já dará alento ao setor.

As siderúrgicas vinham sofrendo com a concorrência de importados, bem como um menor consumo da China.

"A sobreoferta do aço, principalmente plano, gerada com a desaceleração da economia chinesa, levou a uma invasão do mercado nacional, o que em conjunto com o real apreciado, limitou a competitividade das empresas locais", afirma, em relatório Karina Freitas, da corretora Concordia.