7 motivos para não comprar ações nos próximos 10 anos, na visão da Pimco

28/11/2012 08:30

 

 

Fundador da maior gestora de renda fixa do mundo coloca Estados Unidos como um dos principais fatores para acreditar que as ações estarão "mortas" até 2022

Bill Gross, fundador da Pimco: Estados Unidos estão entre os motivos para acreditar que as ações estarão "mortas" até 2022

 

SÃO PAULO - Bill Gross, fundador da gestora de recursos de renda fixa Pimco, que possui US$ 1,92 trilhão em ativos sob gestão, já alertou no passado: "o culto às ações está morrendo". E agora, o quadro que ele e Mohamed El-Erian, CEO (Chief Executive Officer) acreditam é o seguinte: as ações, em si, ficarão "mortas" até ao menos 2022.

Não é a primeira vez. Entre 1963 e 1981, o Dow Jones, um dos principais índices de ações do mundo, andou praticamente de lado, antes de acordar e registrar praticamente 20 anos de crescimento initerrupto. Enquanto muitos agora acreditam que a economia vá acelerar as ações, Gross e El-Erian apontam 7 fatores que deverão pressionar o desempenho novamente. Confira:

 

 

1) A economia dos EUA não é um conto de fadas
O primeiro ponto é antigo. A Pimco chama a atenção desde 2005 que a economia norte-americana não estava em um conto de fadas. Investidores, eleitores e políticos tinham a noção de que os mercados estavam em um longo período de estabilidade - nem tão quente, nem tão frio. 

2008 veio e derrubou essa tese. El-Erian avisa que nunca acreditou que existiria motivo para esse otimismo amparada numa economia de "sábios bancos centrais e crescimento sem fim dos mercados emergentes".

2) Quem prevê crescimento de 4% para os EUA está enganado
Fora de um conto de fadas, a economia norte-americana ainda é o trator do mundo. Depois de 2008, o que era "impensável" 10 anos atrás agora é considerado: moratória norte-americana, expansão desordenada da quantidade de dinheiro na economia - pela política expansionista do Federal Reserve. 

Enquanto muitos economistas acreditam em crescimento de 3% a 4%, incluindo àqueles ligados ao governo de Barack Obama, a Pimco discorda. Para a gestora, o crescimento "normal" deverá ser de apenas 2% - e não apenas por alguns poucos anos, mas sim por algumas décadas. 

Bill Gross cita um evento biblíco para falar sobre o crescimento: depois de 7 anos de fartura, terás 7 anos de fome. E depois de 20 a 30 anos com crescimento exagerado, a Pimco acredita em 20 a 30 anos de moderação. E o congresso norte-americano concorda: a secretaria de orçamento prevê crescimento anualizado de 2,4% por ano até depois de 2022. 

El-Erian acha que o limite é de 3%, sem arriscar as riquezas e o bem-estar da economia norte-americana. "Essa é a primeira geração que arrisca seriamente a ficar pior do que estavam seus pais", avisa. 

3) Investidores, bancos e políticos ainda negam essa possibilidade
Um outro ponto ressaltado pela Pimco é o desapontamento de muitos investidores em relação à mensagem passada pela gestora. Eles estão "presos" em uma onda de otimismo, esperançosos de que os ciclos entre alta e queda sejam retomadas.

E isso acaba atrapalhando, conforme cada um desses precisam de ajustas suas opiniões e posições em relação a queda dos gastos dos consumidores, de empregos, receitas governamentais, lucros das companhias e desempenho dos investimentos. 

4) Investimento é como surfar, e a onda pode quebrar em breve
Bill Gross usa uma metafóra para exemplificar o que ele acredita ser o mundo dos investimentos: o surf. Ondas movimentam o preço das ações, assim como movimentam os esportistas nas praias.

E quem conhece o esporte, sabe: as vezes é necessário sair da onda ou ele vai cair no mar. "E a onda do dinheiro deve estar pronta para quebrar", alerta Gross, dizendo que muitos investidores podem simplesmente cair no mar.

5) O mercado acionário é um "esquema de Ponzi"
Gross também costuma afirmar que o mercado de ações é na verdade um "esquema de Ponzi" - uma pirâmide, onde os dinheiros de quem entra é gasto para remunerar quem já está dentro. O esquema, que se tornou famoso por causa de Bernard Madoff, tem esse nome por conta do seu "idealizador", Charles Ponzi. 

Geralmente, há alguém que vai arcar com todas as perdas. E este pode ser quem está dentro agora. Gross acredita que nenhum investidor vai ver retornos reais de 6% novamente e deverão ter sorte se receberem 3% em um futuro, mostrando já sinais de desgaste do 

6) O Fed não mantém a bolha e atrapalha o crescimento da economia
Na visão da Pimco, o Fed é um dos grandes entraves para o crescimento econômico. Na visão dos analistas da gestora, o equivalente norte-americano ao Banco Central vai desde 1980 utilizando taxas de juros baixas e grandes injeções de liquidez para "estabilizar" a economia.

Para eles, há o efeito contrário. Muitos investidores usam a montanha de crédito disponível na economia para comprar ações e casas - esperando que eles continuem aumentando em valor e alimentando bolhas. E, ao mesmo tempo, eles não conseguem manter a última bolha viva, a despeito dos programas de Quantitative Easing - grandes injeções de liquidez por lá.

7) Políticos fazem o crescimento desacelerar
Os políticos também não são poupados pela Pimco. "Nenhum dos partidos entende que o crédito, como combustível para a economia capitalista, está se esgotando", avisa a gestora.

E cria-se um caso de injeção de liquidez e expansão do crédito desordenado para curar problemas que a Pimco acredita ter sido criados justamente pela injeção de liquidez e expansão do crédito de maneira desordenada. E se Washington podia remediar a situação, vem fazendo pouco. 

 

Por Felipe Moreno

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